O Peso das Imagens o Valor do Silêncio: Gilberto Gibelé e a sua reputação por “Sebastião Augusto”

Peso das Imagens, o Valor do Silêncio: Gilberto Gibelé e a sua reputação

Num mundo onde a imagem se sobrepõe ao gesto, e onde o julgamento corre mais rápido que a verdade, o nome de Gilberto Gibelé foi arrastado por entre vozes apressadas. Um vídeo, um instante, um gole — e uma tempestade de moralismos irrompeu, como se a alma do desporto tivesse sido profanada. Mas há que lembrar, como diria o poeta que vê mais do que os olhos alcançam, que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Gilberto não feriu ninguém, não desrespeitou o seu compromisso com o clube, nem tampouco profanou os valores do jogo. Estava fora do expediente, num espaço de lazer, como qualquer outro cidadão. E se mostrou uma garrafa, que mostre. Não se bebe caráter nem se embriaga talento.

A gestão de imagem, enquanto disciplina moderna e necessária, deve ter como premissa a humanidade do sujeito. O jogador não é apenas uma extensão do emblema que carrega ao peito, mas um homem — com vontades, descanso e vida própria. Reduzir o atleta à perfeição constante é condená-lo ao cárcere da aparência. Quem nunca se divertiu? Há jogadores na Alemanha que o fazem um dia antes do jogo, após os treinos, só não o podem fazer durante o período de treino.

José Eduardo Agualusa uma vez escreveu que “as imagens têm o dom de mentir com o ar mais inocente do mundo”. E foi exactamente uma imagem, um fragmento solto da totalidade da pessoa, que criou a celeuma em torno de Gibelé. Mas a gestão da reputação não deve ser reactiva, deve ser poética — reconstruir a verdade com o cuidado de quem entende que o tempo também cura os olhos apressados.

Por qual motivo não falamos das imagens dos eventos solidários realizados por este jogador? O mal é sempre a maior referência? Não vale, pelo menos para mim.

Gilberto Gibelé não é menos profissional por ter desfrutado do seu momento de liberdade. Que a sua imagem seja resgatada não pela negação do vídeo, mas pela afirmação do seu carácter dentro e fora de campo. E que as próximas manchetes tragam consigo o que mais importa: a bola nos pés, a cabeça erguida e o coração limpo.

Temos irmãos, tios e primos que ficam do mesmo jeito, reitero, ele é humano e estava apenas vivendo um momento seu.

O brilho do garoto incomoda, é simples.

Continue sendo humano, Gibelé.